Capitulo 3º
Parte
1 - Segredos desvendados
Aldo entra no luxuoso escritório
acompanhado do patrão e da tão famosa patroa. Até a poucas horas atrás o único
confidente do patrão, sabia muito bem que a esposa dele era uma mulher muito
atraente, e que largou o marido para viver uma vida utópica de viagens em volta
do mundo. Querendo ou não ela acabava trabalhando também. Em suas viagens
acabava achando artefatos para o patrão leiloar em seu imenso shopping.
Aldo trabalhava com Geraldo a dez anos. Foi
seu primeiro emprego. Um alivio sair da casa aonde os pais brigavam muito, os 5
irmãos brigavam muito e Aldo ficava no olho do furacão. Com Aldo tinha paz e
calma. Pelo menos desde que a mãe dele tinha morrido. Dona Babette era uma
mulher muito dura e controladora. E quando morreu caindo do janela da empresa
por comprovado acidente, a paz reinou na mansão de Geraldo.
Aldo não falava muito com o patrão. Mas o
patrão desabafava muito com ele nessas fazes. Sempre duro e correto, era quando
estava no seu quarto que Geraldo desabafava com o motorista. Quando Beatriz
estava viva era sobre suas frustrações com a mãe que ele reclamava. Quando ela
morreu, sobre a solidão. E um dia ele lhe falou sobre a esposa fugida.
Mas naquele momento Geraldo confiou outra
coisa para o fiel funcionário.
Aldo viu Angélicase sentar na cadeira de
chefe, antes do patrão e com um sorriso zombeteiro se espreguiçando. Geraldo ainda na porta fala para Aldo sem que
Angélicaouça:
- Quero que faça algo para mim Aldo. – Aldo
já sabia que era sobre Abigail saber que perdeu o pai a poucos minutos e
continuar agindo como se nada tivesse acontecendo. – Converse com Abigail.
Quero que convença ela a ir no enterro do pai.
- Duvido muito que consiga senhor Geraldo.
Sabe como sua secretária é.
- Se não der resultado, quero que descubra o
número da família de Abigail e consiga o endereço do velório. Quero que vá em
nome da empresa.
Aldo engole em seco a responsabilidade. E
como sempre deve ser, ele fala:
- Sim senhor.
Aldo sai deixando Angélicae Geraldo
sozinhos. Geraldo olha para esposa que ainda está na cadeira. E quando ela o
olha para ele, ela para de sorrir. Ele estava sério.
- Pronto Aclima. Agora estamos sozinhos.
Pode falar a verdade. Porque voltou?
Aclima, com seus olhos verdes e firmes
fala:
- Não estava mentindo Geraldo. Eu voltei
porque eu te amo. Estava louca para vir, mas não via como. Até que achei a
desculpa perfeita.
- E que desculpa era essa?
- Estava viajando pelo Peru pesquisando
sobre um amuleto muito antigo. E que minhas fontes me contaram que estava
dentro de um tuneo subterraneo numa vila antiga. Só que ao chegar lá descobri
que alguém muito conhecido nosso, já esteve lá antes de mim.
- Quem?
- Sua mãe.
Aldo sai do escritório do patrão e se
encaminha para sua colega de trabalho, Abigail que estava fazendo ligações,
numa mesa de costas para a sala de seu Geraldo.
- Com certeza de tarde ele estará livre.
Pode ser as nove? – Diz ela sorrindo e com uma voz muito calma.
Aldo se assusta, respira fundo e se
aproxima da mesa dela. Abigail desliga o telefone e se vira para Aldo.
- Algum problema Aldo?
- Abigail, tem certeza que não quer ir no enterro do seu pai?
Abigail fecha a cara. Mas logo abre um
sorriso novamente.
- Eu irei Aldo. Só que só depois de
terminar de desmarcar as reuniões com os compradores. O senhor Geraldo tinha um
dia cheio hoje. E agora ele precisa de todo tempo livre para lidar com esse
novo probleminha dele.
Abigail ia pegar o telefone novamente. Só
que Aldo o pega primeiro.
- Porque você age assim? O que aconteceu?
Seu emprego não corre risco nenhum. O Geraldo permitiu que você fosse.
- Por favor Aldo. – Diz a mulher tentando se
controlar. As lagrimas começam a cair com ela esticando a mão para pegar o
telefone. – Eu preciso…
- Está bem. - Diz ele colocando o telefone no gancho e não
na mão de Abigail. – Só que vai no banheiro primeiro. Sua maquiagem borrou.
Abigail se levanta da cadeira e vai em
direção ao banheiro. Assim que ela vira o corredor Aldo se senta na cadeira
dela. E procura no sistema o cadastro dos funcionários. E vê o numero de
contato de Anita, a irmã de Abigail.
Na mansão de Geraldo, Adriana olhava
apavorada para a filha sendo segurada pelas mãos fortes de Samanta. A menina tentava se
desvencilhar, e a cozinheira nervosa falava para a pobre menina:
- Como entrou aqui dentro menina? Responda!
Adriana já vai gritar para a cozinheira
parar quando Ada olha para mãe com olhar sério.
- Me desculpe senhoras. – Com essa voz
ativa, Samanta larga a menina e a deixa esplicar. – Eu estava passando na porta
aqui de trás, quando vi, o jardineiro caindo dentro de um buraco, dentro do oco
da árvore. Eu vim pedir socorro.
- O que? O Horácio? – Pergunta Samanta
preocupada.
- Sim. E pulei o portão e entrei. Eu ia
correr para o jardim. Mas resolvi vir chamar alguém de dentro da casa primeiro.
- Vamos lá ver essa história logo. – Diz Samanta
segurando novamente na mão da menina, agora de forma amistosa, e correndo para
o jardim.
Adriana corre atrás, agora com um sorriso no
rosto de alivio.
Horácio estava verdadeiramente caindo em um
buraco. Mas afofado pelo musgo da planta ele nem se machuca. Horácio abre os
olhos e quando se acostuma com a escuridão, percebe que estava em uma caverna
subterranea.
- Meu Deus! Eu não morri! Graças a Deus!
Horácio se levanta, e olha para o alto. Era
uma altura muito grande, de onde estava apenas via um ponto luminoso, dos raios
do sol, de onde tinha caido.
- Que altura. Será que era um poço antigo?
Mas de repente Horácio ouve um sussurro. Ele
se vira assustado.
- Tem alguém ai?
Ele caminha diante dos sussurros, que
ficavam cada vez mais alto enquanto ele caminhava pelas profundesas da caverna.
O teto era alto, e o musgo e plantas rasteiras cobriam grande parte da caverna.
E ele se apavora ao ver em meio a as
plantas, subindo para o teto como a raiz da árvore antiga que estava lá em
cima, uma mulher.
- Moça? Você está bem?
Ele tenta tirar o mato em volta dela. Mas
quando ele tenta puxar um ramo de folha ela grita:
- Ai…
A moça abre os olhos. E ai que Horácio
percebe que ela não era uma mulher comum. Seus olhos era de um amarelo vivo, e
quase luminoso, não se via os globos oculares. E ele percebe que a pele dela
era verde, como um caule de uma planta nascendo, só que espinhos grandes, como
de roseiras saiam de sua pele, seu cabelo parecia cipós, e sua respiração era
ofegante e triste.
- Moça… - Diz o jardineiro tremendo de medo.
- Me ajude.
- Quem é você? Como ficou assim? Como veio
parar aqui?
- Vocês precisam se salvar! Todos vocês!
Horácio tenta tirar o mato em volta dos pés
da mulher, e vê que seus pés estavam enterrados na terra como caules.
- Quem é você?
- Não importa.
- Quem fez isso como você?
Quando ele pergunta isso a mulher olha, com
seus olhos amarelos para Horácio e fala quase num sussurro.
- Babette… Babette Balbina Balraj Abner.
Longe
dali. Em Minas Gerais, Uberaba, Marcelo chega em casa nervoso batendo a porta.
Se senta no sofá tentando respirar profundamente para se acalmar. E se lembra
primeiramente de quando sai do prédio do investigador que contratou. E mesmo
com muita raiva enchergou na esquina o carro de ninguém menos que sua esposa.
Naquele momento ele sacou tudo. Sua mulher tinha descoberto tudo. Será que tudo
mesmo?
De repente ela chega em casa, e se assusta
com o marido ali na sala. Seu filho aparece atrás da perna da mãe.
- Marcelo? – Fala a mulher assustada.
- Pai! Você não foi trabalhar hoje? – Fala o
menino e correndo e pulando nos braços do pai.
- Não meu filho. Papai esquece as chaves do
escritório e voltou para buscar.
Rafaelarecuperada do susto olha com o olhar
magoado para o marido. Mas disfarça apertando mais a alça da bolsa.
- E você Rafael, não vai para a escola hoje?
Rafaelaresponde pelo filho:
- Sim. Mas é que esqueci a mochila dele,
acredita?
Ela vai buscar a mochila no quarto e deixa a
bolsa na mesinha da cozinha conjugada com a sala. Marcelo por um segundo vê o
embrulho pardo saltando para fora da bolsa. Embrulho comum quando Adamastor lhe
entregava alguma coisa.
Ela volta do quarto e pega bolsa novamente e
fala para o filho:
- Vamos Rafael? A professora vai brigar com
agente por causa do atraso.
Ela se vira para o marido e o beija como
nunca beijou antes. E sai olhando para ele. Dentro do carro ela pega o celular
e liga:
- Senhora Fernanda. Rafael ficou doente, não
poderá ir hoje na aula.
Ela sai com o carro desligando o telefone
celular. O filho no banco de trás pergunta:
- Mamãe, a senhora mentiu?
- Menti, meu filho. Mas é para pegar um outro
mentiroso.
Ela sai com o carro. E logo atrás Marcelo liga
o carro e sai atrás da mulher. Ele também pega o telefone disca alguns numeros
e fala:
- Acho que descobri aonde minha ex-amante
está.
Uma voz bem conhecida do outro lado da linha
fala:
- Já era sem tempo. – Era a voz de Abigail em
sua mesa de recepcão, no escritório de Geraldo. – Desde que você perdeu aquele
pacote os planos de Beatriz poderiam ir por água a baixo. E aonde ela está?
- Minha esposa vai me levar até ela.
- Minha mãe ficou muito estranha depois que
papai morreu. E começou a ficar mais ficcionada no trabalho de uma forma que
antes não era. – Diz Geraldo em seu escritório para a mulher. – Ela começou a
fazer pesquisas e ir atrás de artefatos. Mas nunca me envolvi com isso. Gostava
mais da parte financeira. As vendas e os leilões. Ela buscava as pesquisas
históricas sobre cada artefatos e até ia atrás.
Angélicatira uma foto de sua bolsa e coloca na
mesa. Era um colar feito de rocha, com um tipo de pedra verde em forma de uma
semente de feijão.
- O colar da semente verde. Era chamado o
colar da vida. Muitos acreditavam que quem o usasse teria vida eterna. Só que o
nome dele não era por causa disso. Alguns inkas antigos diziam que a lenda se
desvencilhou da verdade depois de muitas gerações. O poder na verdade estava na
semente.
- O que tem a semente.
- Era o ingrediente para um feitiço, para
criar um portal entre a vida e a morte.
- E você acha que minha minha mãe queria
realizar esse feitiço para ir atrás do meu pai?
- Eu acho que sua mãe acreditava nisso.
- E você veio atrás desse artefato porque?
Já podemos até ter leiloado ele.
- Não vim atrás desse artefato Geraldo. Eu
realmente acredito que sua mãe pegou esse colar para fazer o feitiço para abrir
esse portal.
- O que? Mas minha mãe morreu.
- Eu
sei. Mas ela pode ter feito a cinco anos atrás, mas a resposta dele pode estar
vindo agora.
- Como assim?
- Uma semente demora crescer Geraldo.
- Isso é loucura Aclima!
- Vi coisas muito loucas quando estava no
Peru Geraldo.
- Mas se isso for possivel. Uma supossição.
Minha mãe voltava dos mortos com meus pais, e todo mundo ficava feliz.
- Não é só isso. Para abrir esse portal deve
ter sacrificios. Um deles é a vida de duas pessoas em especial, e o outro que
além de abrir o portal, o feitiço abre uma maldição contra o local que foi
aberto esse portal.
- Uma maldição? Que maldição?
- A planta da morte.
- Ok, mas o que você quer fazer? Como
podemos evitar tudo isso.
- Primeira coisa indo ao quarto da sua mãe e
tentando achar esse objeto.
- Então vamos até lá.
- Já tem uma pessoa de minha confiança lá.
- Quem?